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Previsão de inflação sobe pela 31ª semana seguida, e mercado rebaixa projeção do PIB deste ano e de 2022

O mercado financeiro reduziu sua projeção de PIB para 2022 pela quinta semana seguida e passou a prever crescimento de 1%.

O mercado financeiro reduziu sua projeção de PIB para 2022 pela quinta semana seguida e passou a prever crescimento de 1%. A expectativa consta do relatório Focus, que reúne as projeções de mercado, divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central (BC).

Há um mês, o mercado esperava uma alta de 1,54% no ano que vem. Em maio, chegava a bater alta de 2,5%. As revisões para baixo acompanham um cenário de continuidade da inflação mais alta, as elevações da taxa básica de juros, a Selic, e o quadro de incerteza fiscal das últimas semanas.

Quando o governo sinalizou que poderia pagar parte do Auxílio Brasil — que substituirá o Bolsa Família — com recursos fora do teto de gastos há algumas semanas, o mercado piorou todas as suas projeções de inflação, câmbio, PIB e juros.

O entendimento é que o aumento do risco fiscal traz insegurança para o país e afeta diretamente os caminhos da economia.

Para alguns no mercado, o cenário para 2022 é ainda pior. O Itaú passou a projetar queda no PIB de 0,5%, enquanto a consultoria MB Associados estima um cenário sem crescimento.

Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, aponta que os juros e a inflação mais alta prejudicam a atividade e devem levar as expectativas para o PIB em 2022 para abaixo de 1%. A projeção atual da casa é de 0,8%.

— A tendência é que fique abaixo de 1% porque vem com taxa de juros de dois dígitos e tem um impacto para atividade econômica que é bem relevante, junto com a inflação ainda relevante embora em um patamar um pouco menor que 2021. Isso acaba prejudicando a atividade econômica de maneira bem expressiva — explicou.

Além do crescimento mais baixo para o próximo ano, o mercado também diminuiu sua projeção de PIB para 2021. Há um mês, era de 5,04% e passou para 4,93% nesta segunda-feira.

Inflação e juros

Assim como o PIB, as expectativas de inflação continuam se deteriorando. Para este ano, subiu pela 31ª semana seguida, chegando a 9,33%, acima dos 8,59% esperados há quatro semanas.

Já é um nível bem acima da meta de inflação de 3,75% com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p) para cima ou para baixo. O Banco Central já entendeu que não vai atingir essa meta neste ano.

Para o ano que vem, as projeções sobem há 16 semanas e a última previsão é de 4,63%, próximo ao teto da meta de inflação. Em 2022, a meta é de 3,5% com teto de 5% e piso de 2%. Há quatro semanas, a projeção era de 4,17%.

A previsão para a Selic deste ano continua em 9,25%, ou seja, o mercado espera uma alta de 1,5 p.p na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do ano, que acontece em dezembro.

Já para 2022, a expectativa subiu para 11%, contra 8,75% há quatro semanas, refletindo o aumento de riscos fiscais, a alta no dólar e a pressão de inflação.

2023 e 2024

Com a aproximação do fim do ano, o mercado passou a alterar suas projeções de longo prazo, de 2023 e 2024. Daqui dois anos, o mercado manteve suas projeções de inflação em 3,27% e crescimento do PIB em 2%, mas subiu o câmbio, de R$ 5,10 há quatro semanas para R$ 5,30 e da Selic, de 6,5% para 7,5% na mesma comparação.

Para 2024, a alta é na inflação. No início de outubro, a expectativa era de 3% e subiu para 3,1%. Já os juros também passaram de 6,50% para 7%. O PIB, por sua vez, foi revisado para baixo pela quarta semana seguida e passou de 2,46% para 2%.

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